Tô em crise com as minhas fotos do Facebook. É, essas que os amigos te tagueiam e aparecem pra todo mundo (ou pra todos seus amigos no mínimo) – daí é fácil entrar em outra crise, do tipo “lá não estão só meus amigos, tão colegas e ex-colegas de trabalho, faculdade, escola, família e uma porrada de gente ‘conhecida’ que eu nem diria “amigo” mas quero ter o contato fácil ali (mas aí é frescura demais da minha parte, ok, Zuckerberg quis assim).
Tem gente criativa, que tagueia uma foto que você não aparece pra querer dizer alguma coisa (como o Fellipe que me taguaou na paisagem de Madri ou a Dani que me tagueou na cartinha que dei pra ela de aniversário). Legal, bonito, simbólico. Eu gosto, acho simpático, poético e bonito.
Tem gente que tagueia porque, poxa, gosta de você, quer te mostrar que colocou uma foto sua lá no álbum dela, quer mostrar que você faz parte da vida dela e ela da sua. Lindo, brigada, eu adoro!
E aí tem pessoas que você não fala há mais de 5 anos (e quando falava era tipo um oi-tudo-bem genérico) que te tagueiam num álbum de calendário de aniversários (pra depois vir escrever no teu mural um significativo “oi, parabéns” que eu dispenso porque né, quer dizer, nossa, MUITA coisa), num álbum de “que tipo de amigo você é” e coisas do gênero. Hum, não quero.
E bom… seus amigos do coração não tem culpa também que você é uma pessoa em crise, que não sai bem em foto desde 2004 quando ainda tinha cabelo liso e era magra. E aí você sai mal nas fotos do casamento de uma das suas melhores amigas. Vai tirar a tag? Não pode né, tá errado, sacanagem!
Mas em tantos outros casos, penso o seguinte: fui tagueada – vou lá, vejo, comento, xingo, agradeço, dou um like, sei lá… e tiro. É, tiro. Porque essa história de álbum de foto na internet é uma coisa muito pessoal. Outro dia descobri que meu telefone residencial tá no Google e como faz pra tirar? Pois é, ainda to tentando descobrir. Mas não quero. E já que ainda tem escolha e controle, quero poder usufruir disso.
Eu quero escolher as minhas fotos, sabe. Ou foto nenhuma. Ou acato a sugestão e adiciono aquela foto pro meu álbum. Lindo. Mas é minha escolha, é de mim que estou falando, não é? Não parece óbvio? Parece dramático também, eu sei, mas… ando me irritando com isso porque acho que reflete um monte de outras coisas toscas que existem por aí. Sobre isso: escolhas, controle, direitos. Achei a palavra: direito. Ninguém tem o direito, por mais que seja a minha mãe, de decidir o quê meus outros amigos (ou mais) vão ver de mim – só eu.
E aí com isso eu sei que um monte de gente que ler esse texto não vai entender e vai interpretar mal, vai me achar egoísta, pirada, exagerada, chata, enfim, acontece. Mas fica aí a dica, acho que todo mundo devia pensar melhor do que expõe de si mesmo na internet. As pessoas só pensam na faminha, nos likes e na repercussão de coisas boas, mas não pensa que essa vida digital que a gente cria tem vida longa e é cheia de consequências (pronto, acabou a lição de moral).
E por que a crise então? Não tá resolvido? É só ir lá e tirar as tags e ser feliz… não? Pois é, não.
Se por um lado posso e tenho o direito de decidir isso, por outro… as redes sociais facilitaram a camuflagem das pessoas, a padronização, a farsa e a não-espontaneidadezzzzzzzz….calma, é rápido! E aí você tem a chance de deixar rolar e deixar à mostra o que o bom senso e a criatividade dos seus amigos escolheram e vai boicotar isso? Por medo de não ter saído bem numa foto? De não querer mostrar que você foi naquele bar? Porque você acha que aquela pessoa nem é tão sua amiga? Porque você quer preservar sua intimidade? Porque… sei lá, não é bobagem na maioria dos casos? Porra, que covardia! Que preocupação excessiva com sua imagem, você não tem vergonha?
Eu tenho vergonha, mas quem não se preocupa nem um pouco com o que os outros falam ou pensam de você tá mentindo. E acho que tá todo mundo num barco parecido (esses que tiram tudo e não se expõem e os que se expõem ao extremo): um está alheio a mil coisas incríveis que a internet proporciona, diverte e oferece e o outro tá tão desesperado em aparecer e ter atenção que se torna um ridículo.
Então cada um que encontre sua medida aí, até porque cada um gosta ou se incomoda com uma coisa diferente – apesar de o fundo azul ser o mesmo para todos nós mortais que temos Facebook. Eu acho que depois (e graças a) desse texto acabei de encontrar o meu meio termo. E boa noite.